sexta-feira, 31 de maio de 2013

Quais são os seus preconceitos?


Estabelecer um conceito sobre algo antes mesmo de conhecer o assunto a fundo é uma defesa do ser humano contra experiências potencialmente arriscadas, sejam quais forem. Mas, ao contrário da impressão geral, preconceito e discriminação não são sinônimos.
O preconceito tem a ver com ideias que temos sobre alguma coisa, concebidas no nosso imaginário a partir do que aprendemos na escola, da forma de criação, formação cultural, entre outros fatores. Já discriminação é agir de acordo com esse conceito pré-concebido em sua mente.
Segundo o professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), José Leon Crochik, em uma cultura que exige respostas rápidas como a nossa, a tendência é todo mundo desenvolver preconceitos.“A discriminação é o preconceito em prática. Quando suas ideias viram atitude ou você usa uma característica, muitas vezes arbitrária, para definir a forma de tratamento que dá a alguém”, explica o diretor do Centro de Pesquisas Quantitativas em Ciências Sociais (CPEQS) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Jeronimo Oliveira Muniz.
Se criar preconceitos é inerente à natureza humana, não superá-los faz com que o indivíduo enxergue o mundo apenas a partir da sua própria visão, muitas vezes incorrendo em desrespeito ao diferente e atitudes criminosas.
Para o chefe do Departamento de Sociologia e Antropologia da UFMG, Andrés Zarankin, é importante não só saber que existem outras visões de mundo, mas também respeitá-las e reconhecê-las como tão válidas quanto as nossas. “Se uma mãe disser que os ciganos, por exemplo, roubam crianças, o filho vai repetir esse preconceito, a menos que uma educação do Estado ou um grupo social permita a ele enxergar o mundo de outra forma”, afirma.
De olho no próprio preconceito
Tornar-se consciente de seus próprios preconceitos previne que eles se tornem atitudes discriminatórias. Mas identificar um preconceito em si mesmo é um desafio. Por serem características socialmente indesejáveis, só notamos estes erros nos outros.
A analista de sistemas Angélica Silva* se viu sendo preconceituosa quando descobriu que um de seus amigos de infância ia casar com uma ex-prostituta. “Fiquei chocada! Toda defensora da moral e dos bons costumes. Ainda mais por eles terem se conhecido em um programa. Achava um absurdo ele casar com ela”.
Angélica cortou relações com o amigo. Não foi ao casamento e passou a não frequentar mais os mesmos lugares que o casal. Aos poucos, foi se dando conta da própria atitude.
“Ninguém me obrigou a rever meus conceitos sobre eles. Com o tempo caí em mim: o processo de reflexão durou uns seis meses. Simplesmente vi que nada daquilo era da minha conta. Eu não tinha nada a ver com o relacionamento deles e resolvi quebrar essa barreira”, conta.
A analista de sistemas resolveu reencontrar o amigo e se desculpou por sua atitude. Atualmente, eles convivem normalmente. “A meu ver, agi mal. Pedi desculpas, ele aceitou e disse que se colocou no lugar dos amigos e ele próprio não sabia como teria reagido à mesma situação. Achei que ele teve uma grandeza de espírito enorme ao lidar com tudo isso”.


Fonte: Pragmatismopolitico

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