459
anos de São Paulo e o eterno desafio de fazer andar a "cidade que nunca
para"
Cada um tem suas razões particulares para gostar de viver
em São Paulo, cidade que nesta sexta-feira completa 459 anos. Mas um motivo é
comum a todos os moradores que sentem vontade de ir embora: as limitações de
mobilidade causadas pelo trânsito saturado e por um transporte público
deficitário. O caos se arrasta ao longo dos anos e desafia as administrações
que querem elevar a maior cidade da América do Sul ao nível das grandes
metrópoles mundiais.
O modelo de urbanismo que a cidade segue desde a década
de 1960 está baseado na valorização do centro e na dependência das vias
automotivas. Ele envolve grandes deslocamentos dos moradores que residem nas
áreas mais afastadas para a região central, que concentra empregos, serviços e
lazer. Em uma cidade onde a população ultrapassa os 11 milhões e a frota de
veículos beira os 7,5 milhões, o resultado só poderia ser o congestionamento
permanente.
A transformação urbanística de São Paulo pode levar 29
anos, como prevê o plano de Kassab, ou menos. Para Valter Caldana, diretor do
curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, o
importante é que haja, em primeiro lugar, um acúmulo de ações para o efetivo progresso
de São Paulo. Esse passo foi dado por Haddad quando garantiu que levará adiante
o projeto “SP 2040”. Mas só isso não basta. O prefeito deve, agora, dar o
pontapé inicial nas medidas que levam mais tempo para se consolidar, como a
valorização dos centros de bairro para descentralizar, principalmente, a oferta
de emprego.
Segundo Caldana cita Paris, capital da França, e Nova
York, nos Estados Unidos, como modelos de cidades descentralizadas com grande
população. A capital paulista, mais parecida com a cidade americana pela grande
quantidade de arranha-céus, pode traçar um caminho semelhante ao da metrópole
do hemisfério norte. Basta que o urbanismo deixe de ser visto como algo
mirabolante e complexo, e passe a ser vislumbrado como uma necessidade primária.
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