Farra
dos aeroportos regionais vai começar, Dilma abre as torneiras.
Em um país sério, qualquer plano de investimentos
elaborado pela Presidência da República que envolva a participação de estados,
municípios e empresas privadas é amplamente discutido e ajustado com as partes
envolvidas, antes de ser divulgado.
A sensatez nos gastos públicos dita que o
dinheiro da população não pode ser despejado a rodo em obras de infraestrutura
que correm o risco de se tornar inúteis. Mas não no Brasil.
Dilma Rousseff pouco antes do Natal. O plano prevê o
aporte de 7,3 bilhões de reais em recursos do Fundo Nacional de Aviação Civil
(Fnac) para turbinar 270 aeroportos pequenos, que servem cidades com
população inferior a um milhão de habitantes. Um olhar mais detalhado sobre o
projeto descortina erros e indícios de mau planejamento.
O plano prevê o aporte de 7,3 bilhões de reais em
recursos do Fundo Nacional de Aviação Civil (Fnac) para turbinar 270 aeroportos
pequenos, que servem cidades com população inferior a um milhão de habitantes.
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), órgão que
regula o setor e dispõe de conhecimento técnico para abastecer a SAC, sequer
participou da elaboração do plano. As companhias aéreas foram avisadas menos de
uma semana antes da divulgação do pacote. Elas foram chamadas a Brasília para
uma reunião com membros da Casa Civil, da SAC e, em alguns casos, até mesmo com
a presença do secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin – que tem
funcionado como uma espécie de “banqueiro” do Palácio do Planalto, financiando
a maior parte.
O governo sustenta a tese de que a descentralização da
economia garantirá o sucesso dos aeroportos. A crença no fato de empresas
migrarem dos grandes centros em direção a cidades médias em busca de mão de obra
barata e menores custos é o argumento utilizado para explicar a escolha de
cidades como Lages, em Santa Catarina, como destino de recursos do pacote. Com
cerca de 160 mil habitantes, o município está a 32,8 quilômetros de distância
de Correia Pinto – outro local que receberá dinheiro público para seu
aeródromo. Correia Pinto tem 14 mil habitantes. “Essa tese do desenvolvimento
regional é uma falácia. É como se o deslocamento dos investimentos para cidades
de porte médio e pequeno fizesse com que os aeroportos, da noite para o dia, se
tornassem estruturas essenciais”, afirma um interlocutor do governo que
preferiu não ter seu nome citado.
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