Um
presidente à sua altura Senado deve eleger Renan
Confirmada a eleição, que deverá ocorrer com margem
folgada de votos, o Senado terá, mais uma vez, um presidente à altura de sua
imagem depreciada. Aos 57 anos, Renan reúne como poucas características que
mancham a Casa há décadas: fisiologismo, uma gama de denúncias, processos na
Justiça e extenso currículo de deslizes éticos.
Renan reassumirá a cadeira que ocupou até 2007, quando
negociou a renúncia ao cargo em troca da manutenção do seu mandato, enxovalhado
por cinco processos de cassação de que o dinheiro usado para pagar a pensão
alimentícia de sua filha com o senador saía do caixa da empreiteira Mendes
Júnior. Ao entregar o cargo, Renan escapou de punições cinco anos depois, o
peemedebista voltará ao posto de onde, costuma dizer a aliados, "nunca
deveria ter saído". Na bancada do seu partido, ganhou o apelido de
"Mandacaru", pela fama de "cascudo" e a capacidade de
resistir às adversidades.
Renan se refez desde a queda, em 2007, apesar da
sequência de escândalos em que se envolveu: as denúncias de lobby em favor da
cervejaria Schincariol, a descoberta de rádios em nome de seus laranjas, a
cobrança de propina em ministérios controlados pelo PMDB e espionagem de
adversários políticos.
A biografia de Renan, incluindo a farta documentação do
escândalo de 2007, não é desconhecida por nenhum dos senadores que decidirão se
ele pode ou não ser alçado novamente ao comando do Congresso, o terceiro cargo
mais importante na hierarquia da República. Nos corredores do Senado, há até
quem se disponha a dar ares de normalidade ao rosário de denúncias.
Discretamente, o DEM chegou a negociar o apoio a Renan
sem grandes crises de consciência e em troca de um provável cargo entre os que
administrarão a Casa.
Renan foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República
por suspeita de ter falsificado notas fiscais para justificar sua evolução
patrimonial. O processo corre em segredo de Justiça.
Alheio às pressões da sociedade – nem mesmo uma petição
que ultrapassa 250.000 assinaturas contra Renan é capaz de sensibilizar os
congressistas.
A menos que uma reviravolta histórica aconteça no Congresso Nacional, o Senado
elegerá Renan.
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